Mitologia Grega

A origem dos mitos da Grécia não deriva unicamente da civilização grega. Deriva de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos e até mesmo dos asiáticos e egípcios.
A mitologia grega baseia-se em crenças sobrenaturais e observâncias rituais e está intrinsecamente associada a um corpo de histórias e lendas difusas e contraditórias. Esta religião era caracterizada por um politeísmo antropomórfico (isto é, existia uma multiplicidade de divindades individualizadas providas de forma e sentimento humanos).
Existem vários factores que contribuem para a evolução da mitologia grega. Os primeiros habitantes da Península Balcânica eram, em grande parte, agricultores e atribuíam a cada aspecto da natureza um espírito. Este é um dos factos que permitiu uma grande evolução da mitologia grega porque esses espíritos vagos assumiram a forma humana e entraram na mitologia local como deuses e deusas. As tribos do norte, ao invadirem a Península Balcânica, trouxeram consigo um novo panteão de deuses e crenças, voltadas à conquista, à força e à valentia, à batalha e ao heroísmo violento.
O mais famoso, coerente bem estruturado relato sobre o começo de tudo encontra-se em Teogonia, de Hesíodo. (http://pt.scribd.com/doc/11025900/Hesiodo-Teogonia)
Segundo Hesíodo, tudo começa com os deuses primordiais (primeira geração de deuses). Caos, o vazio primitivo e escuro, precede toda a existência. Dele surgiu Érebo (escuridão), Tártaro (mundo inferior), Eros (amor), Nix (noite), Hemera (dia), Gaia (terra), entre outros. Sozinha, Gaia gerou Urano (céu), que a fertilizou e dessa união resultou a segunda geração de deuses. Gaia e Urano tiveram como filhos os Titãs (Ceos, Hipérion, Jápeto, Crio, Oceano e Cronos), as Titânides (Mnemósine, Febe, Reia, Teia, Témis e Tétis), os Ciclopes, os Hecatônquiros, os Gigantes, as Erínias e as Ninfas Melíades. Embora Urano tenha gerado estas divindades tão poderosas, não as deixou sair do interior de Gaia, pois temia o seu poder. Ao ficarem presas no interior de Gaia, estas divindades permaneceram obedientes ao pai. Gaia aborrecida e descontente com esta situação, decide vingar-se de Urano e pede ajuda aos seus filhos titãs mas somente Cronos decide ajudá-la. Assim, Cronos castrou Urano com uma foice produzida nas entranhas de Gaia e lançou os genitais ao mar, libertando, desta forma, todos os seus irmãos presos no interior de Gaia. O sangue da sua ferida, ao atingir Gaia, gerou as Ninfas Melíades, ao Gigantes e as Eríneas. Como Urano não pode voltar a procriar, não pode interferir e Cronos tornou-se o novo rei dos deuses juntamente com a sua esposa e irmã, Reia. Ao perceber o poder que os Ciclopes e os Hecatônquiros possuíam, Cronos lançou-os de novo no Tártaro. Os titãs e as titânides deram origem à seguinte geração de deuses.
Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto ele, ao saber que seria destronado por um dos seus filhos. Juntamente com Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (Héstia, Deméter, Hera, Hades, Poseidon e Zeus). Com medo de que um dos seus filhos o destronasse, Cronos devorava-os ao nascer. Cansada desta situação, Reia, aquando do nascimento de Zeus, não o entregou a Cronos, trocando-o por pedras, que Cronos devorou sem notar a diferença. Reia entregou Zeus à ninfa Almateia, que o escondeu e criou. Ao atingir a idade adulta, Zeus, com o auxílio de uma poção fornecida por Métis, fez com que Cronos regurgitasse os seus irmãos. Com a ajuda de Gaia, Zeus libertou os Hecatônquiros e os Ciclopes do Tártaro e, com a ajuda destes, realizou a titanomaquia, a luta contra os titãs. Ao vencer esta luta, Zeus enviou o seu pai o os outros titãs para o Tártaro e apoderou-se, assim, do seu poder, tornando-se o deus dos deuses. Após a derrota dos titãs, surgiu um novo panteão de deuses.
Métis foi a primeira esposa de Zeus e, quando esta estava grávida, engoliu-a. Foi então que, da cabeça de Zeus, nasceu Atena (deusa da sabedoria, da justiça, das batalhas e da vitória). Outro dos seus casamentos foi com Témis. Desta união resultou as Horas e as Moias. Hera, sua irmã, foi a sua principal esposa. Da união com Hera nasceu Ares (deus da guerra), Ilitia (deusa dos partos), Hefesto (deus dos metais) e Hebe (deusa da juventude). Apesar de estar casado com Hera, Zeus teve inúmeras relações ilegítimas com outras deusas e também com imortais. Dessas relações podemos distinguir a relação com a deusa e também sua irmã Deméter, de onde nasceu Perséfona. A relação com Latona (ou Leto), de onde nasceram os gémeos Apolo (deus do sol) e Artemisa (deusa da caça) ou ainda a sua relação com Dione, da qual resultou Afrodite (deusa do amor). Das suas relações com mortais podemos distinguir a sua relação com Alcmena, da qual nasceu o herói e semi-deus Héracles, a sua relação com Sémele, de onde nasceu Dioniso (deus do vinho) e ainda a sua relação com Dánae, da qual resultou o herói Perseu.
Desde o nascimento até à morte, os antigos gregos invocavam os deuses em todas as ocasiões memoráveis. Os festivais dos deuses eram celebrados com uma regularidade devota e supervisionados por oficiantes, pois acreditava-se que a existência do Estado dependia da bondade divina.
A mitologia grega, ao longo da História, serviu muitas vezes de inspiração a poetas, escritores e artistas. É possível encontrar na Ilíada ou Odisseia, de Homero, uma grande parte dos deuses do Olimpo A origem da religião da Antiga Grécia é incerta e a sua doutrina indefinida, mas a sua riqueza definiu a sua perpetuação ao longo dos tempos.